22 de jul. de 2009

a cultura vale

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nesta próxima quinta feira, 23 de julho, no teatro raul cortez, lula assinará seu aval final para a proposta de vale-cultural que tramita no congresso desde os idos de 2007. o "vale-cultura" consiste na injeção de cinquenta reais mensais aos honorários dos trabalhadores com carteira assinada, cuja soma mensal não ultrapassse cinco salários mínimos.

este vale funcionará nos mesmos moldes do vale alimentação e vale transporte: através do uso de cartões magnéticos em estabelecimentos culturais credenciados (como teatros, museus, cinemas e lojas de livros, cds e dvds). a soma, que é uma das implementações da reformulação da lei de cultura "Rouanet", já vislumbramos, não é muita. talvez, para alguns casos, não seja sequer o suficiente. e não exclui o fato de que inúmeras manifestações artísticas gratuitas (concretizadas na marra, na garra e na força de vontade de seus idealizadores) sejam verdadeiros fracassos de público. contudo, é um ponto de partida. um admirável ponto de partida.

o cidadão brasileiro não precisa apenas de vales para comer e se transportar pelas cidades: ele precisa também é nutrir seu espírito. há dados de que 90% dos brasileiros jamais puseram seus pés em um teatro. o mercado editorial deste país rema e rema na tentativa de se manter de pé com um público consumidor tão restrito. o cinema nacional apenas nos últimos anos é que deu suas primeiras passadas decisivas rumo ao grande público. se nas terras tupiniquins há fome de comida, imagine você, então, de cultura.

pense cá comigo: ampliado o público consumidor de artigos culturais, a injeção de verbas - além de propiciar a renovação da audiência - acabará por fomentar a produção nacional. o mesmo dinheiro que possibilitará a inclusão do trabalhador nacional na cultura de nosso país, também alimentará a produção e reprodução desta cultura. os talentos poderão florescer. são dois pontos alvejados em um tiro só.

a arte e as experimentações estéticas não são apenas "lazer". são fatores substanciais na formação de indivíduos sujeitos de si e de sua existência, com caráter crítico, sensibilidade e consciência - tanto a própria, como a do outro. em um país continental de cultura popular tão rica e frondosa, cheia de vida e peculiaridades, o "ticket cultural" surge como uma luz no fim do túnel.

ainda bem.

já era hora.